quinta-feira, 26 de março de 2009

Reviews: Magnum, Claro e HP

Escutei que estava sendo crítico demais no meu blog, mas me esclareço dizendo que escrevo o que quero e nesse sentido, o que me chama muito a atenção é o desperdício de dinheiro que as empresas fazem com suas próprias marcas e produtos.

Se alguma coisa me chama atenção positivamente? É mais raro, especialmente no Brasil, mercado dominado pela publicidade medíocre ou pouco persuasiva. Mas, de qualquer modo, me surpreendeu três campanhas que estão em execução aqui no país e vou agora comentar um pouco sobre elas.

A primeira é a nova campanha da linha Magnum da Kibon. Muito bom mesmo. A Kibon está segmentando muito bem o seu produto. Transformando ele de um simples picolé mais caro em um produto não só de luxo, mas de muito desejo. O anúncio todo em tom de chocolate centraliza uma mulher-estátua erguendo o produto como um troféu – literalmente dourado. Um sorvete fálico em ouro. Claro, cercada de homens e assinando: Magnum: Autoridade máxima em prazer. Sensacional. Luxuoso, explicitamente feminino e muito, mas muito forte – consciente e inconsciente. É pra virar o Ferrero Rocher das sobremesas geladas. Nota 10.
(Não achei o anúncio. Divirta-se com o site e sua URL: http://www.omaiorprazerdomundo.com.br/)

A segunda é a nova campanha da Claro que convida o usuário a experimentar a operadora. Destaque pro filme Should I stay or should I go. Bacana, dramático, divertido e empático com o público. Sem texto, somente a música (e sua letra) e uma seqüência de “desafios”. Conclui-se com o menino se jogando de muito alto onde? Na água, é (C)laro. Umas das mais ancestrais analogias de desafio e conquista – motivo de muita discussão junguiana. O garoto feliz embaixo dela fecha o filme de maneira melhor ainda.

Ainda sobre o comercial da Claro, achei que a direção deixou um pouco a desejar. Natural se tratando de filmes produzidos por aqui, mas, insuficiente para tirar o mérito de todo o conjunto. Parabéns ao anunciante e sua agência.
(http://www.youtube.com/watch?v=N6vx9DYluYg)

Por último, a que mais me chamou a atenção: a nova campanha da HP com a cantora Fergie. Emblemática. Nas revistas ou na TV paga, o approach feito pela gigante dos laptops é novo e revolucionário para mim. Tamanho da tela, HD, memória, processador isso-ou-aquilo, gravador de disco, com ou sem fio, pesado ou leve. Nada disso é importante.

A HP pegou uma artista ícone: atitude para a nova consumidora; estilo e boa forma para a consumidora média. De uma maneira lúdica e embriagante, ela conta como o computador funciona para ela! Os detalhes técnicos? Nada importante.

Para que se usa um laptop? Para guardar as fotos, para receber os e-mails da mãe, para pesquisar as coisas mais legais na internet, para falar com os amigos. Em suma: um arquivo do seu passado (pessoa super interessante que você é consumidora), um equipamento para o seu presente e um monte de espaço para guardar o seu futuro.

Simplesmente fantástico. Uma nova estratégia: tanto em target quanto em mensagem. Perfeito.
(A Goodby, Silverstein & Partner tirou do YouTube, mas é só assistir o Warner Channel por 20 minutos que tu verás o comercial.)

quarta-feira, 25 de março de 2009

Volkswagen: A queda de um líder

Hoje li uma reportagem que me fez pensar: O que está acontecendo com a Volkswagen?

Eu não lembro se foi em 2008 ou em 2007, mas enfim, a VW perdeu a liderança do mercado brasileiro para a Fiat. Sim, a Fiat. A última colocada entre as quatro originais (GM, VW, Ford e Fiat) até uma ou duas décadas atrás. Linha fraca e carros sem apelo faziam da Fiat motivo de piada (Família Italiana Atrapalhando o Trânsito e etc.). A Fiat conseguiu. Passou as três outras e roubou a liderança da montadora alemã.

De qualquer maneira, deixamos a Fiat e seus méritos de lado e vamos pensar um pouco na Volkswagen. Como ela conseguiu essa proeza?

Apesar dos números positivos apresentados pela última versão do Gol (terceiro modelo em 10 anos!), a VW está com sua posição de mercado – ou melhor, na mente do consumidor – seriamente comprometida.

Vejamos, ainda modelo líder de venda no país, o Gol é o carro-chefe da montadora desde os anos 80. O carro do brasileiro: como certa campanha nos trouxe. Cinco modelos depois, o Gol continua aí. Entende-se. Simples, barato, econômico e com um nome curtíssimo e, e como o próprio carro, um nome barato. G-O-L: Gol. Só brasileiro mesmo para achar bonito um carro com esse nome, mas, isso não vem ao caso.

Certa vez conversei com um experiente vendedor de automóveis que me manifestava o descontentamento de estar trabalhando em uma das maiores concessionárias VW do Estado. Me dizia: é muito complicado vender esses carros. Eles são todos iguais! Confesso que nunca tinha parado para pensar na questão e ele me explicou porquê: Na Chevrolet tu tem carro pequeno, tu tem o Astra, tu tem o Vectra, tu tem a Meriva. Tu pode vender uma Zafira para quem tem uma família grande. Tu tem 3 tamanhos de camionete. Tu tem a Blazer, a Tracker, as versões econômicas de todos ele com a família Corsa e Celta/Prisma. Aqui tu tem: o Gol, o Gol-sedã, o Gol-wagon, o mini-Gol (Fox), o mini-Gol cross (CrossFox), o Gol-quadrado (Polo), o Gol-quadrado-sedã (Polo Sedan), o super-Gol (Golf) e o super-Gol-sedan (Jetta). E no confuso meio-de-campo não podemos nos esquecer do Bora (entre o Gol-quadrado-sedan e o super-Gol-sedan). Para completar, ainda sai do seu conceito original de carro do povo com o Gol-sedan-presidencial (Passat), ultrapassando a faixa de carros de grande consumo (menos de 100 mil reais).

Fiquei realmente pensando nisso e percebi que é uma confusão enorme de marcas. Mesmo para quem é entendido de carros, fica complicado a gente identificar cada um dos modelos na rua. Na distância muitos desses modelos acima se confundem mesmo.

A Volkswagen encheu a sua linha com carros todos parecidos. Ela não trabalha com opostos, com modelos únicos e bem diferentes entre eles. Construiu uma linha inteira de carros sem personalidade alguma.

É claro que analisando o mercado que só pode pagar o mínimo, precisa de uma manutenção simples e barata, o Gol ainda é o carro preferido da nação e a VW continua firme nas vendas (devido também a incompetência de suas rivais que também não se ajudam), mas, sua liderança já era e a tendência é que tudo piore ainda mais. A aura Volks ainda mostra sinais de existir junto ao nosso povo, mas o próximo público consumidor nem vai saber o que é isso pelo andar da carruagem – ou dos carros.

O que eu acho que a Volks deveria ter feito? Simples! Resgatar o verdadeiro espírito da marca. Reforçar o que ela sempre significou. O produto precisa significar alguma coisa e Volkswagen significa carro do povo. Quem vai gastar 90 mil reais num Jetta ou 130 mil num Passat? VW não vai te agregar valor nenhum! Tente um Audi (divisão de luxo da corporação que está aí justamente para isso) ou outras marcas posicionadas na mente do consumidor como carros de maior prestígio – de preferência os “importados” (não pertencentes as quatro montadoras tradicionais).

E Gol? Variantes do Gol? Todo respeito ao carro mais vendido da história do país, mas é hora do espírito Volkswagen. E o que representa isso melhor que o FUSCA! Claro, o Volkswagen original! Esse carro que é a salvação da VW!

Sim, o Fusca voltou, mas o que a montadora fez? Além de ter redesenhado um clássico do design por outro, talvez tão marcante e já histórico quanto, colocou motor 2.0 16v, câmbio automático, airbags, ABS, teto solar e banco de couro! Tudo muito bacana, tudo muito justo e tudo muito bonito... NA EUROPA! ...NOS EUA! Volkswagen querida, isso é Brasil! Carro pro povo! Aqui o teu consumidor é pobre e precisa de um carro barato e que não consuma muita gasolina! Lembre-se que o governo desse país cobra do teu freguês o dobro do que tu ganha. No posto de gasolina é a mesma história.

O brasileiro vai continuar comprando o teu Gol e suas dezenas de concorrentes diretos: carros pequenos, comuns e baratos. Não só da Fiat, GM e Ford, como também das demais montadoras que trazem para a mesma faixa de entrada, produtos muito mais modernos e com muito mais valor agregado como a Renault e Peugeot (outras já indicam entrada na categoria).

O que tu precisa é um carro único como o Fusca sempre foi. Tira o teto, tira o couro, tira o automático. Coloca um propulsor 1.3 simples (imagina a volta do clássico) e vende junto com a turma de entrada entre 30 e 40 mil. Preto, branco, amarelo, verde, prata, chumbo, Ferrari red e night blue. Que fique 2, 3, 5 ou 7 mil mais caro que o mais barato deles desde que não troque de faixa de preço.

Tenho a sensação que esse carro, da forma como ele se chamaria, desbancaria qualquer um no topo da lista de venda. Teria fila de espera nas lojas com gente vendendo os seus próprios carros para ter a chance de ter um carro único e diferente de todos os outros.

Ou então, continue com o Gol e toda a sua enorme linha de variantes, compre um monte de espaço na televisão, não mostre o seu produto e me apresente dois alemães vestidos de branco tentando dizer um para o outro em português É NÓIS e me assine o filme VW: Das auto !
http://www.youtube.com/watch?v=gDtD4QuJS1Y

quarta-feira, 18 de março de 2009

A morte do McDonald's

Hoje passei os olhos num artigo que mostrava uma tabela com a receita anual por loja (EUA) entre os anos de 93 e 2002. Os números eram parelhos todos os anos: cerca de US$ 1,5 milhão.

Primeira conclusão: não houve crescimento. Segunda: considerando a inflação, ouve na verdade uma queda. Dez anos depois teríamos que considerar algo entre 1,8 e 2 milhões.

Antes ainda da nossa atual “crise” mundial, a uns 2 ou 3 anos atrás lembro que a McDonald’s Corp. tinha apresentado o seu primeiro prejuízo trimestral da história – ou de décadas, desde a guerra, enfim, significativo.

Matematicamente, as perspectivas para a gigante dos arcos dourados não são boas.

O que acontece com o McDonald’s?

Eu lembro a primeira vez que eu fui ao McDonald’s na vida. Foi a primeira loja no estado. Já existia em SP e Rio a algum tempo, mas, chegava ali a hora da Praça da Alfândega ganhar a sua loja. Era o Big Mac (em embalagem foam), as batatas fritas e a Coca-Cola.

Hoje eu entro no McDonald’s e eu tenho: sorvetes, tortas, sucos, saladas, café da manhã, iogurtes, frutas, frango (nuggets) e uma infinidade de brinquedos. Mais ainda: como com 2 reais ou com 20. Tenho o hambúrguer barato, tenho uma série de promoções e combos, mas também tenho a salada de 10 reais, o milk-shake de 7 e o combo de 18. Isso ainda se eu não resolver ir ao outro McDonald’s, sim, o outro. Ali do lado, onde eu tenho cafés de muitos tipos, tortas, pastries e mais uma outra gama de itens – e sem a explosão de amarelos, vermelhos e seus companheiros. (Como é exaustante freqüentar um McD’s, o excesso visual cansa, e muito.)

Lá, Burger King, Wendy’s e Carl’s Jr./Hardee’s continuam a crescer: hamburguers. Mais: KFC vende frango, Taco Bell tacos e burritos e Outback steaks.

O McDonald’s se expande / não mais se afirma. O McDonald’s quer ser tudo e fica cada vez mais sem nada.

Aqui no terceirão, o Burger King chega e se encosta ao lado do Macs em todo o Brasil. Nossa classe média/alta (classe consumidora) está aprovando e muito a “nova” rede. O Rei do Hamburguer: hamburguers. Bons, grandes, deliciosos. Hamburguers. Ah, e Coca-Cola à vontade.

Consideração 1: o Burger King também tem outros itens. Tem, mas não "se acha”. O McD’s ao contrário, acha bonito anunciar mais e mais sua extensão de linha. Consideração 2: o McDonald’s morrer? Tá louco!?

É claro que isso não vai ser agora. Mas o declínio do império é evidente. Aqui no Brasil principalmente (menos décadas de país), o McDonald’s ainda tem a confiança do consumidor. O adulto tem sua imagem criada pelo molde antigo - muito mais focado. E conseqüentemente, paga a conta e “educa” nossos próximos consumidores a gostar dos produtos do palhaço. No entanto, essa nova geração já virá com essa imagem fraca/dissipada que o McDs se tornou. Uma marca que não representa fortemente mais nada.

Lá fora a situação está ainda mais avançada. Some-se a isso a proliferação de outras marcas fortes no segmento fast-food. Tudo se torna cada vez mais divergente e isso se dá inclusive dentro da categoria hamburguers, com o aparecimento de nichos como home-made-style burguers (caseiros) e high-end ou gourmet burguers (opções mais caras).

Ou aos poucos a marca se reencontra, o que eu acho muito difícil nesse cenário, ou então, assistiremos a agonia da rede pioneira desse negócio todo. Anos ou décadas? Não sabemos, mas que os arcos perderão a sua majestade, perderão sim.

terça-feira, 17 de março de 2009

Ford Edge um pouco off-target



Me incomoda o filme de lançamento do novo (no Brasil) Ford Edge. Ao contrário da campanha do Fusion, que contava a história de seus compradores com uma seqüência de fotografias e tinha como mensagem: você merece ter um Ford Fusion – que eu achei perfeito, o novo do Edge não me agradou tanto.

Ele mostra conceitos tecnológicos em janelas que carregam filmes mais uma vez sobre o passado (ou futuro!) daquele comprador: jogos de golfe e celebrações em um veleiro.

Até aí está bem, pode ser a rotina de alguém que gasta 150 mil reais em um conjunto de lata e pneus – ou pelo menos o estilo de vida que esse almeja. Tudo dentro do previsível. Mas o que diabos faz essa música super contemporânea (e jovem) acompanhando todos os 30s? A JWT pode justificar de qualquer jeito, mas não vejo o público-alvo desse carro tendo algum tipo de afinidade com essa trilha. Nenhuma. O clássico (não o gênero musical clássico) aqui seria muito mais adequado. Um deslize, mas ainda, a montadora brasileira tradicional que melhor vende na televisão.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Middle web ?


Hoje eu li mais reviews sobre a nova geração do Kindle, lançado recentemente pela Amazon. Os novos recursos que permitem uma maior interação com a internet vislumbrou no autor a possibilidade da criação de uma middle web!

Vamos ver se entendemos: Nós temos a boa e velha web, ou big web, acessada por um browser normal em um desktop ou laptop, que permite o usuário ter acesso a todas as funcionalidades, mecanismos, plug-ins e etc. de um navegador padrão. Temos também a small web, aquela acessada – e por muitos sites já adaptada – aos dispositivos móveis de pequeno porte (diga-se de passagem, cada vez mais sofisticados), na qual o iPhone é o maior expoente. Agora então, chega a vez da middle web.

O autor comentava que o Kindle abrirá a porta para uma série de dispositivos médios de acesso à conteúdo web. O leitor digital da Amazon agora, além de permitir a leitura de livros, lhe deixa folhear revistas, navegar em alguns websites e jornais, ler e atualizar blogs, twitters e demais mecanismos sociais.

É maior e mais fácil de manusear que um dispositivo pequeno, mas ao mesmo tempo, é mais limitado e portátil do que um laptop. Ah, isso sem nos esquecer dos novos laptops pequenos, os netbooks, que andam evaporando das prateleiras em todo o mundo.

Recapitulando: internet na mesa, em laptops, em netbooks, em dispositivos médios e em dispositivos pequenos.

Eu acredito muito na divergência das categorias, mas acho que está bastante bagunçada essa confusão. Falta a padronização e a simplicidade de uso na maioria dos dispositivos. Cada um deles vai precisar se especializar em apenas aquilo que é bom não querendo abraçar mil funcionalidades em um só produto. Gadgets de convergência costumam não dar certo. E toda essa nova safra de dispositivos divergentes de acesso web deixará muita gente no meio do caminho. Alguns poderão virar um sucesso, mas muitos tenho certeza que irão desaparecer em muito breve.

Continuo esse assunto em breve em um próximo post.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Skol é isso aí !


Acabei de ver um comercial da Skol – a que desce redondo. Falava sobre a paixão do brasileiro pelo futebol. Homens vendo futebol em plena lua-de-mel, brincando com colegas de trabalho, abandonando encontros com garotas lindíssimas, brigando com a televisão, pagando rodadas para o bar inteiro e beijando homens feios e suados em pleno estádio. A última cena é simplesmente inacreditável: o rapaz está sentado na arquibancada e é atingido por um copo com algum líquido. Ele confere cheirando a sua camisa molhada enquanto os torcedores próximos sorriem. Corta e finaliza o filme com a embalagem, a logomarca e o slogan. Que associação!!! Perfeito.

Confira: http://www.youtube.com/watch?v=o4ltrqeSQRs

Go: Visa cada vez mais líder


A longa série de campanhas/estratégia priceless da MasterCard realmente virou um fenômeno global, entrando definitivamente para a história da publicidade mundial. Acredito que muito mais do que a campanha concorrente no período, que dizia que a vida era agora.

Pois bem, priceless marcou época, mas o que a MasterCard tinha que ver com isso? Será que ela realmente ganhou participação de mercado? Será que as pessoas se comoveram e adotaram a bandeira MasterCard como sua aliada ao consumo?

Os comerciais da MasterCard diziam que qualquer coisa custava tanto, outra coisa custava mais um bocado, uma terceira uma mixaria, MAS QUE, o mais importante NÃO TINHA PREÇO! (Todos emocionados) Ponto. Para todas as outras existe MasterCard!

Sério? O quê? Sei que isso pode ser muito emocionante e todo o consumidor tem um lado emotivo e tal, mas o quê? Vai vender mais assim? Como! Os produtos não importam! Os serviços nada! O que importa é o amor, a amizade, um abraço gostoso ou um sorriso sincero! Essa campanha é ANTI-consumo! Não venham me dizer que não!

MasterCard, acorda! Você vive do consumo alheio. Como você vai fazer um comercial assim?
Vamos usar a mesma idéia de maneira oposta e ver se mesmo assim funciona. Comida mexicana? Vá ao Taco Bell. Sanduíches? Vá ao Subway. Pizza? Vá a Pizza Hut. Para todas as outras, venha ao McDonald’s. Todas as outras? Que outras? Usando o teu tempo para citar o oposto. Acho que não, hein.

Pois bem, por outro lado, a campanha da Visa é pró-consumo. Claro que os comerciais tinham um recall menor, mas elas eram muito mais eficazes. A vida é agora! Não pense. Amanhã é muito tarde. Consuma agora! Compre o sapato caro. Vá viajar. Parcele aquela TV gigante de plasma. Use o Visa. Ele é o passaporte para tudo o que você quer.

Agora então, a Visa começa a adotar uma estratégia a la Just do it e diz: GO. Um filme editado em takes ágeis e grandiosos misturando muita coisa legal. Remetendo a muita viagem, muito consumo e muita felicidade. O tempo inteiro mostrando a palavra: GO. GO. GO. Pró-consumo mais uma vez. Compre. Vá. Faça. Aconteça. VISA: O visto para tudo o que você quer.

Sim, assim que se movimenta o líder. Ele sim se consagra por permanecer na cabeça do consumidor como a marca associada com aquela ilusão que um cartão de crédito representa. Assim que a Visa mantém tipo 80% do mercado, enquanto os abraços e sorrisos da MasterCard que não tem preço algum ficarão estatelados num distante segundo lugar (até que a Diners ou a AmEx não resolverem partir forte para o ataque).

Finalizando: adorei o comercial. Adorei. Só não precisava dublar em português com um voice-over abrindo explicando: Go significa nem-sei-como-traduziram em inglês e quer dizer... É claro que não poderia acabar sem alguém fazer uma bobagem.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Vault: Coca correndo atrás da Pepsi


Li essa semana que a Coca vai fazer começar uma mega promoção para tentar desbancar a super líder Mountain Dew – da Pepsi.

Pegando carona com o Burger King, o Taco Bell (ironicamente, empresas da Pepsico) e mais recentemente, o Denny’s, que resolveram dar comida de graça para quem aparecesse em seus restaurantes, a Coca-Cola agora embarca na onda e apesar da crise financeira que assola principalmente as grandes companhias americanas, resolveu dar refrigerante de graça!

Explicando: Mountain Dew, para quem não conhece, é um refrigerante de limão (soda ou soft drink) norte-americano que não tem similar no Brasil. Conhecido nos EUA como pertencente a categoria citrus, é, digamos assim, bem esquisito. Tem um gosto bem forte, relativamente amargo e ácido. Mas de qualquer forma, é super tradicional e popular na America, talvez por conter entre três a quatro vezes a cafeína de uma Coca-Cola! É a opção para quem quer dar aquela ligada e não preciso nem dizer do seu sucesso entre adolescentes e universitários, que fazem tudo que é combinação com o verdinho da Pepsi.

Estatisticamente, o “Mtn Dew” é o refrigerante mais vendido dos EUA que não seja da categoria cola. Coca, Pepsi e Diet Coke. Esses lideram, Mtn Dew vem logo a seguir. Diferentemente de outras categorias de refrigerante, o domínio desse é praticamente incontestável - praticamente único na categoria citrus. Praticamente não tem concorrente nem imitação. O produto mais próximo foi o fracassado Mello Yello da Coca-Cola.

Para tentar acabar com essa hegemonia, a Coca lançou um produto ainda mais similar ao Dew em 2005 chamado VAULT e agora, em 2009 está atirando todas as fichas – e muitos milhões de dólares para tentar pegar um pouquinho de share do líder de uma vez por todas.

Como vai funcionar a promoção? A Coca vai dar um Vault para qualquer pessoa que comprar um Mtn Dew! Isso mesmo. A pessoa vai comprar um Mtn Dew de qualquer embalagem numa drug store, supermercado, liquor store e etc. e vai poder levar um Vault do mesmo tamanho inteiramente grátis.

A Coca ta convencida que as pessoas que compararem irão preferir a sua opção. Será uma ação de marketing de custo ainda incalculável. É impressionante o risco que uma grande empresa pode fazer para alcançar os seus objetivos. A minha primeira reação foi a seguinte: pela promoção, a Pepsi vai vender Mtn Dew como nunca! Enquanto isso, a Coca vai estar dando refrigerante de graça por aí. Sim, mas talvez aí esteja o super segredo (devem pensar eles): isso vai favorecer que o consumidor, mesmo o não habitual, compre e experimente. Os EUA inteiro estarão provando o nosso grande produto!

Independente do gosto ou da sensação que a nova bebida possa proporcionar em quem consome, o concorrente nunca será “tão bom quanto o pioneiro”. Será que a Coca, ela mesma, a dona do produto original, sabe que o consumidor não troca a marca número 2 pela número 1. Que existe prazer, satisfação e orgulho de se consumir sempre “the real thing”. Acho que não tem empresa que sabe mais do que isso, mesmo assim eles estão atirando milhões de dólares nessa ação.

Acho que nossos capitalistas, realmente, perderam a noção.

domingo, 8 de março de 2009

i9 ?


Me deparei em dezembro no supermercado com uma nova bebida isotônica ao lado do consagrado Gatorade. Como todo consumidor, meu olho passou correndo por aquilo e rumou a qualquer outro destino. Uma semana depois, um amigo comentou que reparou o mesmo produto e me perguntou se eu tinha visto e o que eu tinha achado do nome. Parei para pensar naquele momento que não me recordava. Como eu poderia não me recordar? Primeiro sinal. Ele explicou: chama-se INOVE, é um “i” e um 9. É uma logomarca estranha, enigmática; bizarra eu poderia dizer aqui facilmente. Eu me lembrei um pouco melhor e respondi que não tinha conseguido identificar nada. Não sabia se era “i2”, “ig”, “19”, não tinha noção alguma.

Era o novo isotônico do mercado. Minha surpresa foi saber de quem era aquele produto. O i9 é da Coca-Cola Company! Depois de facilmente mais de uma década de Gatorade no Brasil, seguramente umas duas décadas de produto no mundo inteiro, a Coca-Cola finalmente resolveu botar a sua bandeira no segmento – em terras tupiniquins.

Eu não vou nem discutir aqui o porquê disso. Mais uma vez ela saindo do seu foco principal com a certeza de ser número 2 dessa categoria para sempre, mas, respeitando sempre o seu código genético de grande conglomerado: insistindo em ter tentáculos em múltiplas categorias. A Coca-Cola agora no Brasil também, tirando um pouquinho de market-share da Pepsi, a esperta compradora da Gatorade - agora a sua proprietária.

O meu questionamento aqui é o seguinte: Que diabos passou na cabeça da Coca-Cola em resolver inventar uma marca do ZERO aqui no país? Quanto em marketing terá que ser investido para isso se tornar digno de tirar pelo menos uma pequena lasca da Gatorade?

Será que ninguém teve a idéia de usar a marca POWERADE? Existente, consagrada, reconhecida mundialmente e já usada (e muito publicizada) pela Coca-Cola no mundo inteiro? A bebida que divide com o Gatorade prateleiras inteiras dos EUA e da Europa?

Que diabos Coca-Cola?

Entendo que a Coca não queria que Powerade parecesse uma imitação do Gatorade – a bebida reconhecida na mente do consumidor como a original (coisa que a Coca tem com seu principal produto – aqui é a Pepsi que é reconhecida como a imitação). Mas, é a mesma estratégia no mundo inteiro. Para que mudar aqui?

Acha que i9 vai fazer frente e poder desbancar a marca líder mais do que se usasse Powerade? Dou risadas.

A estratégia mais correta aqui teria sido ter usado a marca-mãe mesmo. Ter colocado a diversidade de sabores que é a característica forte da opção da Coca-Cola (com nomes fortes e marcantes como Mountain Blast). Usar todo o poder de influência do público comprador – que é muito mais influenciador e formador de opinião que compradores da maioria dos outros produtos. Muitos desses conhecem a marca do exterior, ou reconhecem quando ela aparece nem que seja na televisão.

Gatorade é bom, mas imagine agora POWERade. Esse é muito mais POWER, esse é da Coca-Cola. Poderiam ter usado isso. Utilizado essa marca, uma gama forte de variedades e tamanhos e todo o poder da Coca-Cola e barganhar pelo menos o mesmo espaço de prateleira do principal concorrente. Aquele arco-íris danado com um rótulo escrito POWER em toda a prateleira ao lado iria me chamar bastante atenção.

Garrafinha fálica, só dois sabores – os incipientes Limão e Tangerina - e com um micro-nome codificado de duas letras? Será que tem alguma pesquisa ou estratégia frente ao mercado feminino ou coisa assim que dê razão a poderosa vermelha?

Eu, que sonhava em tomar Powerade também no Brasil, fico curioso em saber como essa aventura da gigante de Atlanta no Brasil vai acabar.

O segredo sobre a cerveja brasileira


Certa vez escutei uma história de um sommelier amigo meu, uma pessoa que eu gosto muito e que tenho muito confiança, mas isso fazem muitos anos já. Pois bem, foi agora recém voltado da Europa que a minha revolta sobre os produtos que aqui nesse país são comercializados voltou com mais força.

Quero nesse post tentar desvendar esse segredo e também toda a mística que “brasileiro sabe tudo de cerveja” ou “ama cerveja” e todas essas bobagens de nossa grande mídia.

Mito: Europeu bebe cerveja quente!

Realidade: Mentira. Europeu bebe cerveja fria. E mais ainda: bebe cerveja boa. Cerveja maravilhosa. Cerveja que sobe de temperatura alguns graus depois de retirada e ainda permanece divina.

Realidade Brasil: É impossível fazer cerveja boa nesse país. Na verdade, a cerveja boa pode ser feita em qualquer lugar, o que não é possível é comercializar cerveja boa aqui. É inviável comercialmente. O povo precisa consumir cerveja certo!? Certo. Mas e o preço que nossa massa consumidora pode pagar? 1 real, 1,20 de real? Isso são centavos de euro ou de dólar. Tem como produzir cerveja barata para esse povo? Tem sim.

Pergunta: A cerveja pode ser boa por esse preço? Não, ela não pode!

O que acontece: tudo o de mais barato e de produção em massa é utilizado para produzir isso que se chamam de cerveja. O resultado é uma bebida incomum que não pode ser comparável a simplesmente nada que é bebido no primeiro mundo. Pois bem, mas como faremos para que o povo consuma isso?

Agora vem a teoria...

A gente adiciona uma série de elementos químicos na cerveja para baixar a temperatura de congelamento da mesma. Como todos sabem, os líquidos em geral congelam à ZERO grau centígrado. A cerveja não é diferente. As boas congelam a essa temperatura também. As “nossas” é que não! Já perceberam aqueles freezers grandes que estampam com todo o orgulho temperaturas negativas neles? Pois é.

A publicidade brasileira à décadas conta para nós que cerveja tem que ser bem gelada! E assim achamos que a cerveja é boa. O que acontece com a gente? Temperaturas negativas “anestesiam” a nossa língua. Ou seja, temos apenas uma leve sensação de gosto, mas na verdade a temperatura negativa MATA o nosso gosto e assim consumimos esse líquido que nos vendem.

Costumeiramente escutamos dizer que a cerveja está “choca”, ruim, muitas vezes comparando ela até com urina! Eu diria que todos estão certos. Assim que ela passa de certa temperatura, ela se torna inapta a matar a tua língua, desta forma, reconhecemos o real gosto delas.

Inventamos aparatos térmicos para ela não esquentar, usamos copos pequenos, tudo para continuar nos enganando. Na Inglaterra por exemplo as cervejas são servidas a 1 grau centígrado em copos enormes (as “pints”) que tem quase 600 mL – em um copo! E a cerveja é maravilhosa até o seu último gole.

E não pense que a “sua” é exceção. Todas as cervejas de produção em massa no Brasil passam pelo mesmo processo e digo mais: muitas cervejas são EXATAMENTE as mesmas. Só trocam o rótulo, e conseqüentemente, a sua marca, posicionamento de mercado (mente do consumidor e sua carteira), estratégias de venda e etc.